
Oruam e a Criminalização da Arte Periférica: Um Reflexo do Racismo Estrutural
A prisão do cantor Oruam, filho de Marcinho VP, em julho de 2025, não é apenas um caso judicial: é um sintoma da forma como o Estado criminaliza a juventude negra e periférica.
Acusado de associação ao tráfico e tentativa de homicídio contra policiais, Oruam foi detido em sua residência durante uma operação que a própria defesa classifica como abuso de autoridade: policiais sem farda e sem mandado de busca invadiram sua casa, colocando em risco sua vida e a de familiares.
Essa prisão acontece em um contexto em que artistas negros e das periferias sofrem uma seletividade penal brutal, enquanto outros grupos, muitas vezes brancos ou com poder econômico, recebem tratamento diferenciado. É a marginalização institucionalizada, que transforma a cultura periférica em alvo político.
Não por acaso, surgem iniciativas como a chamada “Lei Anti-Oruam”, proposta pelo deputado Kim Kataguiri, tentando censurar a arte e silenciar quem denuncia a violência e a desigualdade. Em contrapartida, movimentos como “MC Não é Bandido” reafirmam que a cultura periférica é resistência e que expressar nossa realidade não é crime.
O caso de Oruam mostra que a luta antirracista e periférica é urgente: não se trata apenas de um artista preso, mas de um sistema que, através da lei e da política, tenta colocar pretos e periféricos em posição marginal. Defender a liberdade de expressão, valorizar nossa cultura e denunciar a seletividade penal é, portanto, uma luta coletiva que nos envolve a todos.
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Referências
1.Brasil de Fato – Prisão de Oruam completa um mês marcada por lacunas jurídicas
2.CNN Brasil – Caso Oruam: entenda a acusação e conexão com o Comando Vermelho
3.Agência Brasil – Rapper Oruam vira réu por tentativa de homicídio contra policiais
4.Wikipédia – Álbum “Liberdade” de Oruam