NOTA DE REPÚDIO E REFLEXÃO
O episódio ocorrido no Rio de Janeiro, em que a Guarda Municipal agrediu o deputado estadual Josemar, outros parlamentares e integrantes de movimentos de ocupação, é gravíssimo e inaceitável. Um deputado estadual é uma autoridade constituída, com prerrogativas legais e voz de prisão, que deveriam ser respeitadas em qualquer circunstância.
O que presenciamos revela não apenas a falta de preparo da Guarda Municipal, mas também os riscos de um armamento precoce, que pode transformar conflitos em tragédias. Este caso deve servir de alerta para uma revisão profunda das práticas de abordagem, treinamento e protocolos de atuação das forças municipais.
Mas há um aspecto ainda mais doloroso que não pode ser silenciado: o racismo estrutural que atravessa nossas instituições. É inevitável a pergunta — se fosse o filho de Bolsonaro, ou um parlamentar branco de sobrenome tradicional, o tratamento seria o mesmo? A resposta é evidente, e ela escancara a seletividade do racismo que insiste em negar dignidade, autoridade e respeito às nossas lideranças negras.
Este episódio deve gerar mais do que indignação: deve provocar reflexão coletiva e ação política firme. É hora de exigir mudanças estruturais, responsabilizações e o reconhecimento pleno de que não se pode mais aceitar que parlamentares e movimentos populares sejam tratados com violência e desrespeito.
A democracia só é verdadeira quando a autoridade negra é respeitada com a mesma legitimidade que qualquer outra. Enquanto isso não acontece, seguiremos denunciando, resistindo e lutando por um Brasil que reconheça a humanidade e a liderança do nosso povo.