Morte, Política e Manipulação: A Voz do BOPE em Debate contra uma Governadora Honesta e Mulher Preta.

No debate sobre segurança pública no Rio de Janeiro, torna-se inevitável confrontar as vozes que moldam a narrativa oficial. Entre elas, destaca-se a governadora Benedita da Silva, e em contraponto, o ex-capitão do BOPE, Rodrigo Pimentel, cuja interpretação da letalidade policial revela mais espetáculo midiático do que análise crítica.
 
Em postagem nas redes sociais, o ex-capitão Rodrigo Pimentel alegou que a polícia matou, mas não explica de que forma ou sob quais circunstâncias. Ele tenta impor sua própria interpretação ao ouvinte, sem contextualizar a complexidade das ocorrências de letalidade policial no período. Não se trata, portanto, de uma ação ofensiva organizada, mas de episódios dentro de uma realidade complexa de violência urbana.
 
Pimentel se oportunizou de uma situação de desgraça para valorizar suas próprias narrativas midiáticas. Critica políticas passadas, mas não aborda publicamente estruturas fundamentais: o Legislativo, o Judiciário e possíveis falhas dentro de comandos policiais, incluindo menções a supostos desvios de armas e munições, amplamente discutidos em conversas informais e rumores, sem confirmação oficial.
 
Sua fala sobre respeitar a governadora — apresentada como alegação de reconhecimento da licitude de Benedita, algo que nem precisaria ser afirmado — revela-se uma jogada de cena, destinada a insuflar a sociedade com seu poder de persuasão e a moldar opiniões. Ao mesmo tempo, evidencia racismo estrutural e machismo, descompromissando uma mulher preta e colocando-se acima da crítica, enquanto se omite diante de questões estruturais mais amplas.
 
Além disso, Pimentel recorre a comparações com a administração do governador da Bahia, trazendo isso como cortina de fumaça para desviar o foco das discussões sobre segurança no Rio. Essa estratégia funciona em tom de grave ameaça de desqualificação da administração da governadora Benedita, tentando transferir críticas de forma indireta e manipular a percepção do público, sem enfrentar as questões estruturais locais de forma transparente.
 
Podemos classificar sua postura em três aspectos principais:
1.Sensacionalismo midiático: utiliza tragédias para reforçar sua própria narrativa.
2.Oportunismo: aproveita eventos de grande repercussão para autopromoção.
3.Covardia estrutural: evita discutir publicamente o poder constituído nas forças estatais, como falhas no Legislativo, Judiciário e comando policial.
 
No final, tudo se reduz a midiatismo e covardia, um espetáculo público que ignora a responsabilidade ética. Cabe ao povo preto ler nas entrelinhas, refletir e exercer bom senso. A análise de segurança pública não pode se limitar às falhas individuais ou à exploração midiática, mas precisa considerar as falhas da base, a ausência de atuação efetiva do Estado e a precariedade administrativa, que retiram do povo direitos fundamentais — educação, segurança e saúde — princípios básicos de uma sociedade em que a contribuição fiscal de cada cidadão, ao comprar o pão, o leite ou qualquer produto do dia a dia, mantém o Estado funcionando, mas mesmo assim não garante a proteção e os serviços que são devidos.
 
 
Márcio Madeira, responsável pelo editorial do Portal Coisas de Gente Preta e Liderança Nacional do PCN.
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