Política
O Instituto Coisas de Gente Preta se solidariza com a Ministra Marina Silva

Há quem ainda se espante quando uma mulher negra ergue a voz. Mais ainda quando ela não apenas fala — mas confronta, resiste e governa.
E foi exatamente isso que vimos nesta terça-feira (27): uma Ministra de Estado, amazônida, com décadas de luta no corpo e na palavra, sendo atacada por ousar não se calar.
O que aconteceu com Marina Silva na Comissão de Infraestrutura do Senado não foi um debate acalorado. Foi um espetáculo vergonhoso de misoginia, racismo e violência política.
Cortar seu microfone foi tentar cortar sua existência. Dizer que ela deveria “se colocar no seu lugar” foi tentar empurrá-la de volta para um lugar que nós, mulheres negras, custamos a sair: o da invisibilidade, da submissão, do silêncio.
Mas Marina respondeu com altivez, como sempre fez. E eu estou com ela!
Não é novidade que, quando uma mulher negra ocupa uma cadeira de poder, muitos tentam puxar o tapete.
Quando ela ocupa essa cadeira com firmeza e ética, a reação é ainda mais violenta. Porque representamos não apenas a ruptura — mas a possibilidade de um país diferente.
Repudio com veemência o tratamento dispensado à ministra do Meio Ambiente. E deixo aqui o registro: toda vez que tentarem calar uma de nós, haverá muitas outras para continuar dizendo.
Nosso lugar é onde decidimos estar — e que fique claro: não voltaremos para o fundo da sala.
Seguiremos. Altas, negras, preparadas — e determinadas a fazer valer a voz que herdamos de tantas que vieram antes.
Dra Mônica Alexandre
Vice-Presidente da CAARJ/ Exclusivo para Instituto Coisas de Gente Preta