A fala de Lula e a representação da população negra

Nos últimos dias, uma fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva gerou repercussões em todo o país. Ao comentar a foto de um homem negro sem dentes usada em uma revista institucional, Lula questionou:

“Você acha que isso é bonito? Isso é fotografia para você colocar representando o Brasil no exterior? Um cara sem dente e ainda negro. Você não acha que isso é preconceito?”

Trechos isolados dessa fala viralizaram nas redes sociais, com acusações de racismo contra o presidente. Mas o que se viu, de fato, foi uma tentativa de denunciar a estigmatização da população negra — historicamente representada a partir da dor, da miséria e da ausência de dignidade.

Representação importa

A questão aqui não é sobre o homem retratado, mas sobre a escolha política da imagem. Por que, em um país com tamanha diversidade, alguém decidiu que o Brasil seria representado no exterior por uma foto que reforça estereótipos negativos sobre pessoas negras?

Esse tipo de escolha não é neutra: é fruto de um racismo estrutural que insiste em reduzir nossa comunidade a imagens de pobreza, falta e exclusão.

A fala e o recorte

Sim, a forma como Lula expressou sua crítica pode soar dura e até abrir espaço para interpretações equivocadas. Mas é preciso deixar claro: não houve racismo em suas palavras. O que houve foi a tentativa de expor o preconceito embutido na comunicação oficial e de defender uma representação mais digna do povo brasileiro.

Não por acaso, o próprio presidente relembrou que foi a partir de situações assim que nasceu o programa Brasil Sorridente, responsável por devolver o direito ao sorriso para milhões de brasileiros e brasileiras.

Nossa posição

Como portal comprometido com a valorização da história, da cultura e da luta da população negra, afirmamos:
• O verdadeiro problema não está na fala de Lula, mas na forma como a mídia escolhe retratar o povo negro.
• Precisamos de imagens que expressem força, beleza, alegria e diversidade, sem negar as desigualdades, mas também sem aprisionar a identidade negra apenas na dor.
• Esse episódio deve servir de alerta para que instituições públicas e privadas repensem suas escolhas de comunicação e representação.

Conclusão

Este não é apenas um debate sobre uma fala presidencial. É um chamado para que o Brasil aprenda, de uma vez por todas, a olhar para a população negra com respeito, dignidade e humanidade.

Se queremos um país justo e igualitário, precisamos romper com estereótipos que nos aprisionam e construir narrativas que celebrem quem somos: um povo múltiplo, potente e indispensável para a verdadeira face do Brasil.

✊🏾 Editorial — Portal Coisas de Gente Preta

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