O DESPERTAR DA ALIENAÇÃO por Benedita Maria Vieira de Carvalho

Depois de um longo período de letargia, a população brasileira parece despertar do sono alienante a que foi colocada pelas forças mais reacionárias deste país.
Desde a primeira eleição de Lula para comandar o governo, quando o entusiasmo agitava quase todos os segmentos da população ante a perspectiva de mudanças e melhorias de vida, não se via tanta mobilização.
Nos dois primeiros mandatos Lula tirou o Brasil do mapa da fome. Ele levou eletricidade para os mais afastados rincões, abriu cisternas em todo o árido Nordeste, levou à universidade milhares de jovens pobres, elevou a taxa de emprego com carteira assinada a níveis nunca vistos, aumentou o salário mínimo e a renda geral dos trabalhadores, criou um enorme número de universidades e escolas técnicas e implementou tantos projetos de benefícios sociais, que este papel seria insuficiente para enumerá-los.
A direita ficou em pânico. Alguma coisa teria que fazer para deter a ascensão do PT e dos seus aliados, porque a conscientização do povo era cada dia maior. E Lula estava preparando a sua secessão com José Dirceu, atuando na Casa Civil.
Então criaram a narrativa do mensalão. Criminalizaram José Dirceu e os maiores expoentes do PT. Cooptaram o Judiciário, amedrontado pela mídia ameaçadora, e julgaram e condenaram quadros inquestionavelmente íntegros, como José Genoíno e tantos outros. Só não empreenderam o impeachment de Lula, por temerem a reação popular.
Lula colocou Dilma Rousseff na Casa Civil. Ela criou o PAC, o maior programa de obras públicas jamais ocorrido no país. E assim, não só criou milhares de empregos, como destravou o caminho para o maior desenvolvimento experimentado pelo o país e livrou-nos do processo de recessão que assolava o mundo como efeito da crise econômica de 2008 nos EEUU.
Lula termina seu governo com a maior avaliação da História e elege Dilma. As políticas públicas em favor dos pobres continuam. Vem então o programa Mais Médicos, levando assistência médica aos lugares mais remotos e desassistidos, o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, além de muitos outros. Especialmente o Mais Médicos foi muito polêmico, porque, ante o desinteresse dos médicos brasileiros em aceitar o emprego regiamente remunerado pelo governo para trabalhar nos municípios afastados, onde as populações locais estavam desde sempre desassistidas, Dilma não se deteve e contratou os médicos cubanos, mundialmente conhecidos por sua competência e dedicação profissional.
Enfim, Dilma terminou o seu mandato com elevada avaliação e o menor índice de desemprego da história do país. Não deu outra, se reelegeu.
Aí a direita não aguentou mais. Aécio Neves não se conformou com a derrota, inclusive em seu próprio estado, Minas Gerais. Eles se uniram em uma intensa campanha de demonização do PT. Tiveram o apoio determinante dos EEUU, que se vira frustrado pela negativa de Dilma de entregar o Pré Sal para as petroleiras americanas e então surgiu a Lava-Jato, com Moro e seus asseclas preparando o golpe para desacreditar tudo o que já estava construído. Criaram
a narrativa das pedaladas fiscais e tiraram vergonhosamente a presidenta legalmente eleita do poder.
Começa aí o pesadelo que colocou o Brasil no sono profundo da alienação. O governo do golpista Temer (o menor índice de avaliação do Brasil, 3%), inicia o desmonte dos direitos trabalhistas e previdenciários, a precarização do trabalho, a reforma do Ensino Médio, que esvaziou a educação dos jovens de disciplinas e conteúdos que favorecem o raciocínio e o desenvolvimento intelectual e, o pior de todos, a PEC 241/55 que impôs o congelamento dos investimentos do orçamento por vinte anos. A quem interessaria engessar o desenvolvimento do Brasil? Aquele sonho de desenvolvimento e justiça social chegou ao fim. E o povo não reclamava. E a coisa piorou. O que não conseguiram com o mensalão, conseguiram com a Lava-a-Jato. Lula foi vítima de lawfare, julgado sem provas, preso e impedido de se eleger. A campanha de difamação ganhou reforços com as fake-news, com a ascensão da extrema direita, essa mais virulenta, e se deu a passagem para a grande noite de pesadelos com Bolsonaro no poder. A aliança de Bolsonaro com as igrejas neopentecostais completou o trabalho de alienação de imensa parcela da população brasileira. Agora o nome de Jesus era sordidamente usado para disseminar o ódio e a irracionalidade como motores da frustração do povo, que voltava para o mapa da fome, ao desemprego, à marginalidade social. O poder de embotamento mental proporcionado pelas pregações desses pastores, que de cristãos nada têm, é impressionante, ao ponto de as pessoas perderem a total racionalidade e discernimento para descobrir onde estavam as razões de sua decadência econômica e social. O PT passou a ser o culpado de todos os males. Os filhos de Lula eram os “donos da Friboi”, “Lula era ladrão”, “Dilma era corrupta”.
Mesmo assim, Lula se reelegeu, mas o Congresso foi majoritariamente eleito pelos evangélicos e pelos bolsonaristas. Lula conseguiu deter o golpe de estado preparado por Bolsonaro e seus seguidores fanatizados, mas começou a governar refém do pior Congresso das nossa História, tendo que ceder sem parar às chantagens de políticos inescrupulosos do chamado Centrão, composto pelos partidos de direita, agora aliados aos da extrema direita, unidos no afã de abocanhar cada vez mais os recursos públicos para seu enriquecimento pessoal e para alimentar suas bases eleitorais. Tão seguros de seu poder e de sua impunidade, que não se detiveram em aprovar as pautas mais descaradamente antipovo; derrubaram a proposta do governo de medidas para redução da conta de luz, e, mais recentemente, derrubaram o decreto do governo para aumento do IOF, imposto de transações financeiras que atinge majoritariamente os mais ricos.
E foi aí que o PT saiu do imobilismo e começou a lançar vídeos esclarecedores à população. Os vídeos começaram a mostrar onde os deputados querem que o governo corte gastos para manter o controle fiscal. Em lugar de cortar gastos com os benefícios sociais, especialmente o Bolsa Família e o BPC, que consomem pouco dinheiro e beneficiam milhares de pessoas pobres e desamparadas, o Governo quer fazer com que os bilionários, os bancos e as bets (empresas de apostas que levam milhares ao endividamento na ilusão do enriquecimento fácil) paguem um pouco de impostos. E quer que as empresas que têm isenções fiscais, cerca de oitocentos bilhões de reais, que cumpram com suas obrigações tributárias. Os vídeos começaram a viralizar nas redes sociais. E surgiram de todos os lados mais vídeos, de produção espontânea.
As pessoas começaram a acordar, a se manifestar. Isso é quase inacreditável. O povo acordou. Agora é só manter essa chama acesa e aprender a lição. É preciso compreender que não basta eleger um governante amigo do povo. É preciso também eleger uma maioria de deputados e senadores amigos do povo. Esse congresso é inimigo do povo. # CONGRESSO INIMIGO DO POVO. Vamos à luta. Ainda há muito por fazer e isso é só o começo para o Brasil cumprir o seu destino de nação desenvolvida e com justiça social

Scroll to Top