Caso Beatriz Silveira: Mulher Negra Denuncia Racismo em Hotel da Lapa

“Fui acusada de roubo sem qualquer prova. Senti o peso do racismo no corpo e na alma.” — relata Beatriz Silveira

Na quinta-feira, dia 10 de outubro, a conselheira de saúde Beatriz Silveira, participante do evento “Participa Mais – SUS”, representando a cidade do Rio de Janeiro, viveu momentos de constrangimento e humilhação no Hotel A Rosa, localizado no bairro da Lapa (RJ).

Segundo o relato de Beatriz, durante uma das atividades sociais do evento, um hóspede francês identificado como Jhuan a acusou de ter furtado o celular e anéis pessoais dele. A acusação, feita sem qualquer prova, gerou grande constrangimento à mulher negra, que estava hospedada em quarto privativo no mesmo hotel.

“Mesmo abalada, autorizei que revistassem meu quarto, porque sabia que não tinha nada a esconder. Fiz isso para me defender e mostrar que a verdade estava comigo”, contou Beatriz.

De acordo com o tradutor da recepção, não seria a primeira vez que estrangeiros hospedados ali demonstram posturas discriminatórias em relação a mulheres brasileiras.

Ao final, os objetos foram encontrados pelo próprio hóspede no quarto onde ele estava hospedado, confirmando que Beatriz nada tinha a ver com o desaparecimento.

Mesmo diante do equívoco, Beatriz afirma que a administração do hotel se recusou a acionar a polícia e, segundo seu relato, preferiu oferecer desculpas a uma mulher branca integrante da comissão organizadora, sem qualquer retratação pública à vítima negra.

“Não houve pedido de desculpas, nem reconhecimento do erro. O silêncio deles fala muito. É o mesmo silêncio que sempre tenta calar as nossas dores”, desabafa Beatriz.

Além de conselheira de saúde, Beatriz é ativista do Movimento Negro Unificado do Rio de Janeiro e parceira da Defensoria Pública, onde atua em pautas de direitos humanos e justiça racial.
Atualmente, ela está sendo assistida pela especialista em Direito Criminal, Dra. Morgana da Costa Faria, que acompanha o caso e as medidas legais cabíveis diante do episódio.

O ocorrido, que pode ser caracterizado como injúria racial ou crime de racismo, será encaminhado para acompanhamento jurídico e denúncia formal aos órgãos competentes.

Este caso expõe, mais uma vez, como o racismo estrutural se manifesta em ambientes sociais e turísticos, reforçando estigmas e desumanizando corpos negros — mesmo em espaços que deveriam garantir acolhimento e respeito.

O Instituto Coisas de Gente Preta repudia toda e qualquer forma de discriminação racial e reforça a importância de denunciar, registrar e acompanhar judicialmente casos como este, que continuam a marcar a experiência de tantas mulheres negras no Brasil.

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